Flashes
Luanda, 20 de Janeiro de 2024.
AVISO: Este episódio é um pedido de ajuda.
Queridos leitores, olá mais uma vez. No momento em que escrevo isto são 20:18 de quarta-feira, dia 17 de Janeiro. E as coisas estão más.
Os dias têm se arrastado de forma dolorosa e quase mortal, e pioram cada dia mais. E eu quero acreditar que todo o cansaço e baixa autoestima que sinto se deve apenas pelo facto de eu estar em fase de exames e não conseguir dormir nem comer (ou sequer hidratar-me), e não pelo facto de que a depressão está a consumir-me de novo.
A minha mente recusa-se a desligar por completo, mesmo que isso seja tudo que ela quer fazer no momento. O meu corpo funciona tão rápido, e ao mesmo tempo tão devagar... Tudo o que eu quero fazer é dormir para nunca mais acordar.
E é complicado lidar com o mundo à minha volta a gritar por atenção quando a minha mente se desliga para outra dimensão sem eu notar, e me pego a olhar para o vazio e tenho a cabeça tão cheia de coisas aleatórias que chega a doer.
A luz azul de todas as telas a que me prendo cansam os meus olhos já ásperos de tanto cansaço e tantas lágrimas derramadas no breu das madrugadas... E eu pego-me a pensar se não deixar o suicídio ganhar foi realmente a melhor opção.
Está tudo bem, está tudo bem... Mas não está tudo bem. E porquê que não está tudo bem? Ou melhor, o quê que não está bem?
Eu ainda não consigo dizer. Porque, por mais que procure, tudo está perfeito, mas a falha sou eu.
Provavelmente eu deveria estar a estudar para os três exames mais que complicados que tenho marcados para esta semana, mas tudo o que tenho feito é estudar. Tenho dado a minha vida pelos estudos, porque o medo de ser um autêntico fracasso é mil vezes maior que eu mesma.
Não posso, não consigo... Não quero mais, não aguento mais aquilo que sinto. E é tão difícil fazê-lo parar...
E é nestes momentos que o vício bate, e que só preciso de sentir alguma coisa mais amena, sentir a mente frear e tudo estagnar... Só por alguns segundos, antes das vozes voltarem para me atormentar.
As pessoas não fazem ideia do quão difícil é ser anormal do jeito que eu sou. Do jeito que nós somos. Porque sei que não estou sozinha.
Há mil e uma pessoas atormentadas por aí. Mas, sei lá, nós fingimos tão bem que fica difícil distinguir. Mas mãos trémulas, olhares perturbados e momentos de zone out frequentes são o que indica a nossa espécie.
Não sei o que se passa, não sei... Não sei como fazê-lo passar. Não sei de nada, de nada sei, só sei que algo não está onde devia estar.
E é este algo que faz todas as minhas perturbações disparar e leva-me a escrever lamentos como este. Porque nunca sei me comunicar com a voz, e a escrita é tudo que tenho para mim.
É a única forma que encontrei para conseguir explicar tudo o que sinto e tudo o que se passa nesta cabecinha da forma mais crua e literal possível. É a única forma que tenho de vos pôr na minha pele, e deixar-vos a deriva na minha mente, deixar-vos corresponder e identificarem-se com que eu sinto todo o santo dia, apenas por alguns minutos.
É a única forma de fazer as pessoas entenderem a confusão que eu própria não entendo em mim.
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