Oneiros
Luanda, 11 de Maio de 2024.
Olá, queridos leitores, e boa madrugada! Espero que estejam todos tão bem quanto eu estou hoje.
Esta semana foi uma semana particularmente estranha, sem um motivo em especial. Uma semana cheia de revelações, e resoluções, e muitas e muitas explosões de sentimentos.
Mas um momento de reflexão em particular marcou a semana, e tudo por causa do cheirinho maravilhoso de uma marmita de comida.
Eu sei, parece banal, mas aquele aroma tão bom foi o que me fez refletir sobre tudo que tem acontecido na minha vida. Um aroma tão familiar, tão... Caseiro. Especial, de alguma forma.
Bastou isso para fazer-me lembrar que há muito tempo que não sinto familiaridade em nada, e principalmente, na comida.
Não há um prato feito com amor tal que se sinta no meu palato. Não há um abraço que se conecte com o meu. Não há ninguém que me transmita familiaridade por completo. Não existe mais familiaridade nesta vida minha.
Não me sinto parte de um todo, de uma unidade infalível, e perceber isso fez o meu coração apertar-se um pouco.
A verdade é que eu sempre quis uma família.
"Ah, mas tu tens uma família, Grace."
É um pouco mais complicado que isso. Eu tenho familiares que estão ligados a mim por laços de sangue, mas nem por isso sinto familiaridade quanto a eles.
É sempre como se eu fosse uma intrusa em qualquer meio que esteja, e nunca exista espaço para sentir que realmente pertenço a algum lugar.
Sempre quis pertencer a um grupo, sentir que ali é o meu lugar e que não preciso estar em outro sítio. Em outras palavras, ter uma família.
E sim, caso se perguntem, eu desejo sim ter uma família num sentido mais tradicional, com uma pessoa específica e mais ninguém. Simplesmente porque ninguém mais desperta essa vontade em mim.
Se o destino quiser, talvez um dia eu seja parte de uma família. Até lá, vou continuar a sonhar.
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