Numa Canção de Desespero
Luanda, 22 de Junho de 2024.
Olá, queridos leitores, e boa madrugada! Espero que estejam todos tão bem quanto eu estou hoje.
O semestre está na reta final, e bem, quem achou que eu não ia começar a surtar por causa dos exames estava muito, muito enganado.
Eu sempre deixei bem claro o quão falhada me sentia por não conseguir acompanhar o ritmo da turma, mas meus amigos, acreditem que este sentimento quadruplicou nesta semana que estive em casa. Eu nunca me senti tão burra em toda a minha vida.
E não ajuda muito que eu consiga entender coisas complicadas e consiga escrever código em papel com o mínimo de erros, mas não consiga entender uma coisa simples como integrais. (Sim, mais uma vez, eu chumbei a cálculo. Para uma pessoa que era muito boa a matemática, começo a sentir que toda a inteligência que acreditava ter era apenas um grande surto coletivo.)
Eu estou lentamente a entrar em desespero, e isso torna-se visível até para as pessoas à minha volta. Sinto-me definhar, sinto-me minúscula e menos importante que o lápis branco no meio da caixa de lápis de cor.
A minha criatividade também é uma das coisas que eu acredito ter escorrido ralo abaixo. Fazem meses desde que consegui escrever um trecho minimamente agradável, e isso só contribui para a minha frustração. Os meus livros estão estagnados, a minha música já não se faz soar.
Sinto-me uma artista moribunda.
Eu sinceramente não esperava chegar até este ponto. Sinto que estou a tornar-me numa pessoa simplesmente... Banal.
Quer dizer, sem os meus talentos, o que serei eu, então? Sem a escrita, sem a música e sem as notas recordes, o que é a Grace? Sem o meu conforto... Será este o sabor da normalidade?
Será este o meu destino final? "Compositora frustrada, escritora desanimada, péssima estudante". Serão estes os títulos que me esperam?
Será que a fénix queimou de vez, e desta vez restaram apenas as cinzas?
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