To Feel

 Luanda, 05 de Abril de 2025. 

“Quanto vale ter o coração quebrado?

Uma e outra vez, estar à mercê da dor e dos pensamentos, que fisgam a mente e a levam lentamente para um estado de aniquilação perpétuo.

Como posso eu explicar que uma coisa tão pequena tem um efeito tão grande em mim, apenas por acontecer na hora errada e no momento errado?

Como explicar a dor do corte fresco no meu núcleo, que arde bem mais que todos os cortes que a minha pele exibe para o mundo?

Como explicar que a espiral autodestrutiva está maior que nunca, por mil e um motivos que se acumulam na minha garganta, cortando o fluxo de oxigénio e matando-me à vista de todos?

Por um momento, eu só queria silêncio... Paz, sossego, e silêncio. 

Mas como é que se alcança tal feito, sabendo que as vozes maldosas da minha mente são mais altas que a mais potente das orquestras?

A mãe tinha razão, talvez, quando me perguntou se ter-me tido não foi um grande erro. Ela tinha toda a razão ao chamar-me egoísta e insensível, bruta e incapaz de ser amada. 

Ela tinha razão quando disse que o amor não estava destinado a pessoas como eu. E eu carrego o fardo da minha existência aos meus ombros sentindo cada grama pesar como uma tonelada inteira. 

É tão difícil... Ser uma completa fraude é talvez o que torna tudo tão, tão difícil.

E tudo que eu quero fazer agora é desistir. 

Injetar o entorpecente, inalar os gases, engolir todos aqueles malditos comprimidos, dar o nó na corda, cortar até que não haja mais sangue para completar a minha obra-prima, e no final só me restará cair sobre ela. A invicta finalmente vencida.”

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